Estado de Flow: o que é isso?

Sabe quando sua cabeça, corpo e alma se conectam e você perde a noção do tempo e faz algo extraordinário?

Você que é empreendedor já teve ter passado por isso: começa a fazer um trabalho e dá preguiça, sono, cansaço, acessa as redes sociais ‘vendo tudo’ e ao mesmo tempo ‘vendo nada’. Sua cabeça diz: “Vamos lá… mais um pouco… se concentre!”, por alguns instantes consegue retomar a atividade, mas logo em seguida outras necessidades impedem de completar aquilo que era sua proposta inicial. Por vezes você, até, consegue completar uma tarefa, mas sabe que está inferior à sua capacidade produtiva. Conhece essa sensação? Com que frequência isso tem acontecido?

Existe o oposto: você já fez algo que sincronizou seu corpo, mente, alma e atenção? Onde atingiu a máxima performance? Aquele momento que está trabalhando e as horas passam voando, a fome e o sono desaparecem, não escuta o barulho de mais nada. Vive um estado onde a tarefa que está sendo realizada e quem a realiza se fundem em uma só coisa? Há uma imersão profunda do seu estado de consciência. Sua cabeça pensa com tanta rapidez que seu corpo responde com precisão.

Tem um termo para isso: “Estado de Flow”, ou seja, estado de fluxo. Conceito elaborado na década de 70 pelo psicólogo Mihaly Csikszentmihalyi que pesquisava sobre a criatividade de artistas e estendeu sua pesquisa para outros campos alavancando junto com o Martin Seligman a Psicologia Positiva.

O Flow é um estado de imersão total. Com foco e concentração máximos, toda a ação, todo o envolvimento e todo o pensamento fluem em sequência à ação, movimento e pensamento que lhes precederam, até o final da realização da atividade. Além de extremo bem estar e sentimento de realização. Podemos ir além e dizer que é um momento supremo de felicidade.

Helder Kamei que é mestre em Psicologia Social e do Trabalho pela USP e autor do livro “Flow e Psicologia Positiva: Estado de fluxo, motivação e alto desempenho” diz que o Flow tem a combinação de quatro elementos: motivação intrínseca, máximo de concentração, estado emocional muito positivo e taxa de alto desempenho.

A pergunta que não quer calar é: podemos ter mais momentos de Flow? Você já deve ter percebido o quando é difícil alcançar esse estado. Pressão do dia a dia, estresse, apelo do mundo digital, falta de tempo e tantos outros componentes que minam nossa produtividade máxima.

Sim! É possível, conscientemente, atingir picos de Flow com mais profundidade e não deixar que o acaso tome conta disso.

Acredito que primeiro há necessidade de sintonizar o estado mental e corporal. Quando seu cérebro está ativo e com menor interferência de emoções negativas sua performance melhora, sua concentração se intensifica, sua produtividade aumenta e seu grau de satisfação é elevado. Dentre tantas opções vou passar três estratégias poderosas para preparar seu cérebro para vivenciar com mais constância o estado de Flow:

 

  1. Busque algo que harmonize seu corpo e mente: meditação, relaxamento, esporte, alimentação, música, pintura, atividade artística, leitura, filme. Todos nós temos um canal que possibilita extravasar e repor nossas energias. Qual é o seu jeito de conseguir isso?
  2. Faça algo fora da sua zona de conforto. Se desafie! Isso cria no cérebro uma instabilidade inicial e depois uma sensação de empoderamento. Acontece um festival de dopamina, serotonina, endorfina, ocitocina. Seu cérebro responde com felicidade.
  3. Tenha um propósito maior que dinheiro, carreira, sucesso. Quando temos claro que viemos ao mundo para deixar um legado temos meta, foco e atitude. Conseguimos deixar o cansaço de lado, a preguiça de fora, as pressões diárias nos impactam menos. Na hora de produzirmos nosso trabalho nosso cérebro fica mais ativo e pronto para criar algo que ultrapassa limites e que gera resultados extraordinários.

Vale a pena ver o vídeo: Felicidade, flow e psicologia positiva: Helder Kamei at TEDxJardins. https://www.youtube.com/watch?v=DExY6NLzU_E

Fonte:

http://www.administradores.com.br/artigos/carreira/estado-de-flow-o-que-e-isso/106503/

Créditos da imagem:

http://www.onehealthmag.com.br/index.php/voce-500-mais-produtivo/

O seu trabalho faz sentido pra você?

O que vem à sua mente quando ouve alguém dizer que boa parte da nossa felicidade e do nosso sentimento de realização pessoal advém da nossa dedicação a um trabalho significativo?

Passei a maior parte desta vida considerando que um trabalho significativo seria algo como salvar vidas em uma missão na África, trabalhar no Médico Sem Fronteiras, ser um missionário religioso, ser bombeiro, um educador influente, um artista engajado ou um empreendedor social, por exemplo.

No entanto, a contragosto, na luta pelo próprio sustento, prestei um concurso aos vinte anos de idade, fui chamado para ocupar a vaga dois anos depois, e por exatos trinta e um anos trabalhei em uma das maiores instituições financeiras do Brasil.

Metade deste período eu passei brigando contra a ideia de permanecer bancário.

Eu vinha de família simples, muito amorosa e colaborativa, de pessoas que se apoiavam mutuamente que se visitavam uns aos outros, que se abraçavam frequentemente, que demonstravam sua alma italiana nas frequentes expressões de afeto e de congraçamento, valorizando os relacionamentos. Aos quinze anos entrei para um grupo de jovens idealistas, onde pude juntar algumas de minhas paixões: o estudo filosófico, as atividades de promoção social, a amizade desinteressada e a arte, principalmente a música e o teatro. E assim eu achei que poderia mudar o mundo: amor, arte, filosofia, religião, ação social.

Portanto, entrar em um banco, trabalhar com números, índices, indicadores financeiros, gráficos, títulos de capitalização, aplicações financeiras, duplicatas, cobranças, juros, vendas e mais vendas, num ambiente fechado e com pouco espaço para o exercício da criatividade, me parecia uma espécie de reducionismo no universo dos meus sonhos de juventude.

Somente com a maturidade eu fui compreendendo que a Vida tem de fato caminhos diversos para nos ensinar o que precisamos aprender.

Revendo esta minha trajetória, com o devido distanciamento e com a clareza que se reflete também em vários fios de cabelo branco, percebe fases distintas nesta busca pelo sentido em meu trabalho.

Inicialmente, como acontece com muitos de nós, a recompensa financeira compensou a falta de sintonia com a natureza das atividades que eu exercia. Eu agora podia ajudar meus pais e minhas irmãs, o que me dava uma satisfação interna muito grande.

Passada esta fase, chegou a minha vez de me estabelecer, montar casa, casar, ter filhos e, novamente, o lado financeiro foi o contraponto à falta de encantamento com o que eu fazia.

Ainda assim, eu não me conformava (a psicologia positiva nos explica que a recompensa financeira tem seus limites em nosso índice de bem-estar subjetivo). A todo o momento pensava que precisava perseguir e conquistar um trabalho que fosse de fato significativo para mim. Poucos sabem, mas cheguei a formalizar meu pedido de demissão por três vezes. Mas em todas elas tive gestores sensíveis que me orientaram a pensar mais um pouco e acabei ficando.

Foi na terceira tentativa que eu cheguei ao ponto da virada. Eu já tinha quase quinze anos de banco e então me dei conta de que, com três filhos e vários compromissos, não tinha mais direito a atitudes impensadas. Resolvi que faria aquilo dar certo e me propus a mudar minha forma de ver as coisas. E foi aí que elas começaram a mudar.

E por que estou contando tudo isso?

Porque hoje, em minhas palestras e treinamentos, quando eu falo da importância do trabalho significativo, do sentido da vida, de nos dedicarmos a uma causa que faça sentido para nós, eu tomo o cuidado de deixar claro que, embora seja uma ideia fascinante e realmente muito legal, nem sempre haverá condições de transformarmos nossas paixões em nossa profissão, mas sempre teremos a liberdade última, como diria Viktor Frankl, de dar uma resposta pessoal à realidade que enfrentamos, buscando encontrar e imprimir sentido ao que fazemos, aplicando para isso nossas forças de caráter, nossas virtudes, nossos talentos e tudo aquilo que representa nossa singularidade.

Lembrei-me deste relato pessoal ao ler um texto da escritora, pesquisadora e professora Brené Brow, que diz assim em seu livro A Arte da Imperfeição: “Não há nada que diga que você deve largar seu trabalho principal para cultivar um trabalho significativo. Também não há nada que diga que seu trabalho principal não seja significativo, talvez você apenas nunca tenha pensado nele desta forma” (grifos meus).

Se você pode ter o trabalho dos seus sonhos, ótimo! Mas se hoje a sua ocupação principal não é o que você sonhou, eu sugiro o seguinte, por experiência própria e com base em meus estudos:

– Analisem serena e objetivamente quais as suas possibilidades. Uma boa dose de meditação conversa com especialistas e pessoas mais experientes, o apoio de um orientador profissional ou coach – tudo isso pode ajudar a estudar alternativas reais e planejadas para ir à direção do seu objetivo, ainda que você tenha que manter seu trabalho atual por um tempo, como forma de “financiar” seu projeto.

– Se houver chances de mudança para algo mais coerente com o que você considera significativo, aja nesta direção. Transformar ideias em ação ajuda a avaliar se aquele sonho é concretizável e se você realmente quer o que pensa desejar.

– Se não houver como mudar a situação externa, siga a recomendação de Viktor Frankl e mude a sua forma de lidar com ela. Foi o que eu fiz. E ainda hoje me admiro quando relembro e constato que esta simples mudança de disposição mental disparou vários gatilhos que tornaram as coisas bem mais agradáveis para mim.

 

– Em ambas a possibilidade cultive sonhos paralelos em projetos pessoais mais aderentes ao que você considera um trabalho significativo, seja atuando no seio de sua própria família, seja em sua comunidade, seja em seu grupo religioso, seja em trabalhos voluntários, etc.

Mas não desista!

Como pessoas, nós ainda estamos aprendendo a arte do autoconhecimento e estamos longe de conhecer profundamente nossos talentos. Poucos conseguem de fato cultivar intencionalmente suas potencialidades e compartilhá-las de maneira plena com o mundo – o que lhes proporcionaria um considerável upgrade em seu nível de bem-estar subjetivo.

Sabemos pouco sobre nossas próprias virtudes e forças de caráter, por exemplo, mas já existem até mesmo estudos científicos sobre o assunto.

Por outro lado, nossa sociedade ainda não está pronta para reconhecer a importância de outros modelos de trabalho e de realização humana, ainda muito presa a um sistema que somente replica modelos que servem a um sistema que explora o ser humano apenas como um “recurso”, um meio para obter resultados e produzir riqueza, nem sempre de forma ética, nem sempre de modo sustentável.

E se você quer saber o fim daquela história real, eu parei de reclamar tanto e, paralelamente às atribuições inerentes ao meu cargo, para além de minhas obrigações, passei a proferir palestras e organizar pequenos treinamentos para os meus colegas de trabalho, contando com o apoio da minha gestora de então, a Célia – a quem serei eternamente grato.

Concomitantemente, motivado por esta nova perspectiva, comecei a dar treinamentos em outras empresas da minha região. Lá, como no banco, utilizei meus conhecimentos de trabalho com equipes, fotografia, teatro e música nas ações educacionais, que ampliaram minha rede de contatos na empresa, o que acabou, por diversos caminhos, me ajudando a me tornar também um gestor.

E como gestor aprendeu que, não importa se é um grupo de teatro, o time de um banco, uma banda de música ou uma equipe da bolsa de valores – no final, trata-se sempre de lidar com gente. E para mim foi gratificante encontrar sentido em contribuir para o desenvolvimento destas pessoas, acolhê-las em sua multifacetada dimensão humana e construir junto delas um ambiente agradável de trabalho, buscando resultados sustentáveis, ao mesmo tempo em que eu aprendia e também me desenvolvia com elas.

Hoje posso me dar ao luxo de me dedicar apenas a projetos que eu considero significativos, mas foi preciso saber lidar com a realidade que eu não havia sonhado para poder transformar o que eu havia sonhado em realidade.

Faz sentido pra você? Vamos conversar!

Jennyfer Gonçalves

 Fonte:

http://www.administradores.com.br/artigos/carreira/o-seu-trabalho-faz-sentido-pra-voce/105712/ Por César Augusto Tulio Tucci

Créditos da imagem:

https://vripmaster.com/pt/6982-find-good-reasons-to-quit-your-job.html