O seu trabalho faz sentido pra você?

O que vem à sua mente quando ouve alguém dizer que boa parte da nossa felicidade e do nosso sentimento de realização pessoal advém da nossa dedicação a um trabalho significativo?

Passei a maior parte desta vida considerando que um trabalho significativo seria algo como salvar vidas em uma missão na África, trabalhar no Médico Sem Fronteiras, ser um missionário religioso, ser bombeiro, um educador influente, um artista engajado ou um empreendedor social, por exemplo.

No entanto, a contragosto, na luta pelo próprio sustento, prestei um concurso aos vinte anos de idade, fui chamado para ocupar a vaga dois anos depois, e por exatos trinta e um anos trabalhei em uma das maiores instituições financeiras do Brasil.

Metade deste período eu passei brigando contra a ideia de permanecer bancário.

Eu vinha de família simples, muito amorosa e colaborativa, de pessoas que se apoiavam mutuamente que se visitavam uns aos outros, que se abraçavam frequentemente, que demonstravam sua alma italiana nas frequentes expressões de afeto e de congraçamento, valorizando os relacionamentos. Aos quinze anos entrei para um grupo de jovens idealistas, onde pude juntar algumas de minhas paixões: o estudo filosófico, as atividades de promoção social, a amizade desinteressada e a arte, principalmente a música e o teatro. E assim eu achei que poderia mudar o mundo: amor, arte, filosofia, religião, ação social.

Portanto, entrar em um banco, trabalhar com números, índices, indicadores financeiros, gráficos, títulos de capitalização, aplicações financeiras, duplicatas, cobranças, juros, vendas e mais vendas, num ambiente fechado e com pouco espaço para o exercício da criatividade, me parecia uma espécie de reducionismo no universo dos meus sonhos de juventude.

Somente com a maturidade eu fui compreendendo que a Vida tem de fato caminhos diversos para nos ensinar o que precisamos aprender.

Revendo esta minha trajetória, com o devido distanciamento e com a clareza que se reflete também em vários fios de cabelo branco, percebe fases distintas nesta busca pelo sentido em meu trabalho.

Inicialmente, como acontece com muitos de nós, a recompensa financeira compensou a falta de sintonia com a natureza das atividades que eu exercia. Eu agora podia ajudar meus pais e minhas irmãs, o que me dava uma satisfação interna muito grande.

Passada esta fase, chegou a minha vez de me estabelecer, montar casa, casar, ter filhos e, novamente, o lado financeiro foi o contraponto à falta de encantamento com o que eu fazia.

Ainda assim, eu não me conformava (a psicologia positiva nos explica que a recompensa financeira tem seus limites em nosso índice de bem-estar subjetivo). A todo o momento pensava que precisava perseguir e conquistar um trabalho que fosse de fato significativo para mim. Poucos sabem, mas cheguei a formalizar meu pedido de demissão por três vezes. Mas em todas elas tive gestores sensíveis que me orientaram a pensar mais um pouco e acabei ficando.

Foi na terceira tentativa que eu cheguei ao ponto da virada. Eu já tinha quase quinze anos de banco e então me dei conta de que, com três filhos e vários compromissos, não tinha mais direito a atitudes impensadas. Resolvi que faria aquilo dar certo e me propus a mudar minha forma de ver as coisas. E foi aí que elas começaram a mudar.

E por que estou contando tudo isso?

Porque hoje, em minhas palestras e treinamentos, quando eu falo da importância do trabalho significativo, do sentido da vida, de nos dedicarmos a uma causa que faça sentido para nós, eu tomo o cuidado de deixar claro que, embora seja uma ideia fascinante e realmente muito legal, nem sempre haverá condições de transformarmos nossas paixões em nossa profissão, mas sempre teremos a liberdade última, como diria Viktor Frankl, de dar uma resposta pessoal à realidade que enfrentamos, buscando encontrar e imprimir sentido ao que fazemos, aplicando para isso nossas forças de caráter, nossas virtudes, nossos talentos e tudo aquilo que representa nossa singularidade.

Lembrei-me deste relato pessoal ao ler um texto da escritora, pesquisadora e professora Brené Brow, que diz assim em seu livro A Arte da Imperfeição: “Não há nada que diga que você deve largar seu trabalho principal para cultivar um trabalho significativo. Também não há nada que diga que seu trabalho principal não seja significativo, talvez você apenas nunca tenha pensado nele desta forma” (grifos meus).

Se você pode ter o trabalho dos seus sonhos, ótimo! Mas se hoje a sua ocupação principal não é o que você sonhou, eu sugiro o seguinte, por experiência própria e com base em meus estudos:

– Analisem serena e objetivamente quais as suas possibilidades. Uma boa dose de meditação conversa com especialistas e pessoas mais experientes, o apoio de um orientador profissional ou coach – tudo isso pode ajudar a estudar alternativas reais e planejadas para ir à direção do seu objetivo, ainda que você tenha que manter seu trabalho atual por um tempo, como forma de “financiar” seu projeto.

– Se houver chances de mudança para algo mais coerente com o que você considera significativo, aja nesta direção. Transformar ideias em ação ajuda a avaliar se aquele sonho é concretizável e se você realmente quer o que pensa desejar.

– Se não houver como mudar a situação externa, siga a recomendação de Viktor Frankl e mude a sua forma de lidar com ela. Foi o que eu fiz. E ainda hoje me admiro quando relembro e constato que esta simples mudança de disposição mental disparou vários gatilhos que tornaram as coisas bem mais agradáveis para mim.

 

– Em ambas a possibilidade cultive sonhos paralelos em projetos pessoais mais aderentes ao que você considera um trabalho significativo, seja atuando no seio de sua própria família, seja em sua comunidade, seja em seu grupo religioso, seja em trabalhos voluntários, etc.

Mas não desista!

Como pessoas, nós ainda estamos aprendendo a arte do autoconhecimento e estamos longe de conhecer profundamente nossos talentos. Poucos conseguem de fato cultivar intencionalmente suas potencialidades e compartilhá-las de maneira plena com o mundo – o que lhes proporcionaria um considerável upgrade em seu nível de bem-estar subjetivo.

Sabemos pouco sobre nossas próprias virtudes e forças de caráter, por exemplo, mas já existem até mesmo estudos científicos sobre o assunto.

Por outro lado, nossa sociedade ainda não está pronta para reconhecer a importância de outros modelos de trabalho e de realização humana, ainda muito presa a um sistema que somente replica modelos que servem a um sistema que explora o ser humano apenas como um “recurso”, um meio para obter resultados e produzir riqueza, nem sempre de forma ética, nem sempre de modo sustentável.

E se você quer saber o fim daquela história real, eu parei de reclamar tanto e, paralelamente às atribuições inerentes ao meu cargo, para além de minhas obrigações, passei a proferir palestras e organizar pequenos treinamentos para os meus colegas de trabalho, contando com o apoio da minha gestora de então, a Célia – a quem serei eternamente grato.

Concomitantemente, motivado por esta nova perspectiva, comecei a dar treinamentos em outras empresas da minha região. Lá, como no banco, utilizei meus conhecimentos de trabalho com equipes, fotografia, teatro e música nas ações educacionais, que ampliaram minha rede de contatos na empresa, o que acabou, por diversos caminhos, me ajudando a me tornar também um gestor.

E como gestor aprendeu que, não importa se é um grupo de teatro, o time de um banco, uma banda de música ou uma equipe da bolsa de valores – no final, trata-se sempre de lidar com gente. E para mim foi gratificante encontrar sentido em contribuir para o desenvolvimento destas pessoas, acolhê-las em sua multifacetada dimensão humana e construir junto delas um ambiente agradável de trabalho, buscando resultados sustentáveis, ao mesmo tempo em que eu aprendia e também me desenvolvia com elas.

Hoje posso me dar ao luxo de me dedicar apenas a projetos que eu considero significativos, mas foi preciso saber lidar com a realidade que eu não havia sonhado para poder transformar o que eu havia sonhado em realidade.

Faz sentido pra você? Vamos conversar!

Jennyfer Gonçalves

 Fonte:

http://www.administradores.com.br/artigos/carreira/o-seu-trabalho-faz-sentido-pra-voce/105712/ Por César Augusto Tulio Tucci

Créditos da imagem:

https://vripmaster.com/pt/6982-find-good-reasons-to-quit-your-job.html

 

Transição de carreira: por onde começar?

Não importa a sua idade, seu cargo ou posição hierárquica. Se encarar a segunda-feira é sinônimo de desânimo e abatimento, talvez seja o momento propício para repensar sua carreira e começar a levar a sério os planos de uma mudança de profissão.

Não importa a sua idade, seu cargo ou posição hierárquica. Se encarar a segunda-feira é sinônimo de desânimo e abatimento, talvez seja o momento propício para repensar sua carreira e começar a levar a sério os planos de uma mudança de profissão.

Estabelecer uma carreira que desde o seu início é baseada exclusivamente naquilo que traz satisfação e no exercício das melhores competências e habilidades ainda não é privilégio de todos. Muitas pessoas ainda esbarram na questão tempo para investimento em formação, escassez de recursos financeiros e, o maior dificultador, a falta de autoconhecimento. As escolhas profissionais podem não ter atendido as próprias expectativas por medo e inseguranças que a ausência do entendimento de si mesmo pode causar. Neste contexto, saber e acreditar que nunca é tarde para mudar e optar por algo que faça realmente sentido é imprescindível.

Mas por onde começar?

Antes de qualquer coisa, é necessário iniciar um processo de auto investigação profundo. Se você corre quando o assunto é autoconhecimento, sinto informá-lo, mas não há outra forma de estabelecer uma carreira cujo alicerce seja seu propósito de vida que não siga por esse caminho. Perguntar-se quais as suas principais aptidões e como você pode colocá-las em prática, conhecendo mais daquilo que faz bem e gosta de fazer é uma boa pedida. Lembre-se que este caminho pode passar também por trabalhos que não sejam remunerados, mas que lhe ofereçam a oportunidade de experimentar fazer algo que lhe motive e inspire. Esta é uma fase de experimentação e você precisa se permitir vivenciar ao máximo situações que estejam vinculadas a algo que você faria com prazer, até de graça se fosse preciso.

E se você já tem uma noção de qual área quer se desenvolver, então é hora de investir em colocar seus planos no papel, detalhando-os passo a passo. A partir deste ponto, traçar objetivos que estejam alinhados ao que lhe traz satisfação é um caminho que exige persistência e superação de medos e monstros internos. Dá trabalho, mas quem já passou garante que é uma jornada de crescimento e fortalecimento internos muito grande. Escrever suas intenções e propósito minuciosamente lhe dará uma visão geral do todo e uma noção do que será preciso para chegar lá.

Durante o desenvolvimento do plano, pesquise e aprenda tudo o que puder sobre sua nova carreira, monte cenários, faça inserções em campo, dialogue com profissionais que já atuem na área, participe de grupos que troquem conhecimento específico sobre ela. Não tenha medo nem vergonha de aprender cada vez mais, para que possa fazer uma transição com maior segurança e certeza. Para que uma tomada de decisão seja bem feita é fundamental que venha acompanhada de um bom planejamento e não ocorra da noite para o dia. E acima de tudo: esteja aberto ao novo. A dinâmica e o novo contexto que o mercado atual encontra-se oferecem um mar de possibilidades, com novas relações de trabalho e diferentes maneiras, rápidas e interativas de apresentar seu conhecimento e know how. O trabalho dos seus sonhos pode ainda nem existir, e você, com sua imaginação e criatividade, criá-lo. Por que não?

Fonte: http://www.administradores.com.br/artigos/carreira/transicao-de-carreira-por-onde-comecar/103493/ Por Semadar Marques

Não sabe por onde começar? Entre em contato, vamos conversar!

Estou te esperando.

Jennyfer